Geplanter Messianismus
Crise política
"O messianismo planeado fascina tanto mais os espíritos quanto mais o planeamento ganha poder, por um lado, e, por outro, a religião perde poder, sem que, contudo, os seus impulsos e esperanças deixem, inelutavelmente, de marcar os homens.
A lógica da história de Hegel e o planeamento da história de Marx são os últimos desenvolvimentos [do messianismo planeado]. Os objectivos messiânicos, com os quais o marxismo fascina, repousam numa má síntese de religião e razão, uma vez que, agora, o planeamento se aplica a objectivos que lhe não são proporcionais, de modo que ambas as coisas são corrompidas: o objectivo e o planeamento.
(...)
A ideia de uma perfeição intra-histórica definitiva não tem em consideração a perene abertura [da história] e a liberdade do homem, sempre aberta ao fracasso. Aquela ideia traduz uma profunda inversão antropológica: já não se espera que a salvação do homem brote da sua dignidade ética, do mais profundo da sua personalidade ética, mas de mecanismos planeáveis. Trata-se, no fundo, de uma salvação construída sem aquilo que é realmente humano".
In: J. Ratzinger, Eschatologie.