Tuesday, June 24, 2014

Direito à preguiça



O direito fundamental esquecido na Constituição de 1976. 
Cite-se, a propósito, um socialista dos antigos (genro de K. Marx; saudações freudianas...):

"Une étrange folie possède les classes ouvrières des nations où règne la civilisation capitaliste. Cette folie traîne à sa suite les misères individuelles et sociales que, depuis deux siècles, torturent la triste humanité. Cette folie est l'amour du travail, la passion furibonde du travail, poussée jusqu'à l'épuisement des forces vitales de l'individu et de sa progéniture. Au lieu de réagir contre cette aberration mentale, les prêtres, les économistes, les moralistes, ont sacro-sanctifié le travail. Hommes aveugles et bornés, ils ont voulu être plus sages que leur Dieu; hommes faibles et méprisables, ils ont voulu réhabiliter ce que leur Dieu avait maudit".

(P. Lafargue, Le Droit à la Paresse. Réfutation du Droit au Travail de 1848, Paris 1883)

Monday, June 23, 2014

"La abominación de la desolación"


"(...) Un mundo nuevo lleno de maravillas técnicas que no darán la dicha a los hombres se construirá con la argamasa de la omnímoda mentira, el fraude religioso y la opresión y el engaño del pobre. Los dueños de ese mundo podrán hacer llover fuego del cielo y hacer hablar a la imagen de la Bestia. En medio de una algarabía de voces, de propagandas y de tangos, el papa dice actualmente desde el Vaticano, a un mundo enteramente desatento y aturdido, viejas verdades que suenan a retórica. Pero la radio y la televisión serán dentro de poco del dominio exclusivo del Príncipe deste mundo; y "aquel inicuo" que de él recibirá poder para hacer prodigios mendaces podrá hablar un día y por televisión ser visto hablando por las multitudes reunidas en plazas y templos, a todo un universo aterrado y exaltado, "que estará delante de él como una oveja delante del lobo".


La Iglesia creó la Cristiandad Europea, sobre la base del Orden Romano. La Fe irradió poco a poco en torno suyo y fue penetrando en sus dentornos: la familia, la sociedad, el trabajo, la cultura, las costumbres, las leyes, la política. Hoy día todo eso está cuarteado y contaminado, cuando no netamente apostático (...); un día será "pisoteado por los gentiles" del nuevo paganismo. Ése es el atrio del Templo.Quedará el santuario, es decir, la Fe pura y oscura, dolorosa y oprimida. (...)

La Cristiandad será aprovechada: los escombros del derecho público europeo, los materiales de la tradición cultural, los mecanismos y instrumentos políticos y jurídicos serán aprovechados en la continuación de la nueva Babel: la gran confederación mundial impía".

(L. Castellani, Los papeles de Benjamín Benavides, 294 s., Buenos Aires 1953)

Saturday, June 21, 2014



SENSUS FIDEI IN THE LIFE OF THE CHURCH

Novo estudo resultante do trabalho do último quinquénio da Comissão Teológica Internacional.

Tuesday, June 17, 2014

Ratzinger e o futebol*


"(…) O jogo seria assim uma espécie de tentativa de regresso ao paraíso:  sair da seriedade escravizante do dia-a-dia e da sua angústia vital para entrar na seriedade livre do que não tem de ser e, por isso mesmo, é belo. Neste sentido, o jogo, de certa maneira, excede a vida quotidiana. Mas, antes do mais, apresenta ainda um outro carácter, sobretudo para as crianças: é iniciação à vida. Simboliza a própria vida e, por assim dizer, antecipa-a de forma livre. Parece-me que o fascínio do futebol consiste essencialmente em conjugar estes dois aspectos de uma forma muito convincente. 

O futebol obriga o homem, primeiro, a exercitar o autodomínio, na medida em que através do treino se torna senhor de si próprio, este senhorio lhe concede a superioridade e esta a liberdade. O futebol ensina-lhe também, sobretudo, a disciplina do agir em comum. Como jogo de equipa, obriga à ordenação do próprio no todo. Une em virtude da meta comum. Sucesso e insucesso individual residem no sucesso e insucesso do todo. O futebol ensina, por último, uma adversariedade leal, em que a regra comum, a que todos se submetem, permanece o elo unitivo no antagonismo. E, para além disso, quando corre bem, ensina a liberdade do lúdico, ao dissolver novamente a seriedade daquele antagonismo jogado na liberdade do jogo acabado.

O espectador identifica-se com o jogo e com os jogadores, tornando-se, deste modo, partícipe da comunhão e da adversariedade, da sua seriedade e da sua liberdade: os jogadores tornam-se símbolos da própria vida, o que se repercute neles. Eles sabem que as pessoas se vêem espelhadas e confirmadas neles.

Claro que tudo isto pode ser pervertido por um espírito de negócio, que tudo submete à seriedade sombria do dinheiro e inverte o jogo em uma indústria, que gera um mundo ilusório de dimensões assustadoras. Mas mesmo este mundo ilusório não poderia subsistir, se não tivesse por base a positividade subjacente ao jogo: o ensaio da vida e a exaltação da vida em direcção ao paraíso perdido. Em ambos os casos, trata-se de procurar uma disciplina da liberdade. Na vinculação à regra conjunta, exercitar o agir em comum, o antagonismo e o lidar consigo próprio. Pensando em tudo isto, talvez possamos, realmente, reaprender a vida com o jogo. Porque nele se revela algo fundamental: nem só de pão vive o homem; mais, o mundo do pão é apenas prolegómeno do verdadeiramente humano, do mundo da liberdade. A liberdade, porém, vive da regra, do domínio (de si), que aprende o agir em comum e a adversariedade justa, a independência face ao sucesso exterior e à arbitrariedade e, assim, se torna verdadeiramente livre."

(J. Ratzinger, 03.06.1978)

*Post dedicado, em particular, a todos os intelectuais.